ESCAMBO POPULAR
O Movimento Escambo de Teatro Livre de Rua é um movimento de irradiação cultural que reúne, atualmente, além de grupos de teatro de rua, poetas, e artistas populares dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Açailândia no Maranhão, Uruará no Pará, Samambaia no Distrito Federal, Campinas em São Paulo, Rio de Janeiro, Canoas no Rio Grande do Sul e Rosário na Argentina, com o intuito de socializar suas experiências artísticas, culturais, políticas e comunitárias.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
ESCAMBO EM TRAVESSIA - ARACAJÚ-SE
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
ENTREVISTA DE JÚNIO SANTOS PARA O JORNAL MOSSOROENSE
Na última quinta-feira, diversos grupos articuladores do Movimento Escambo Livre de Rua se reuniram em Janduís para discutirem alguns detalhes do XXX Escambo, que ocorrerá de 28 de abril a 1º de maio naquela cidade. A data também vai marcar os 20 anos de existência deste movimento cultural independente. O Escambo são encontros de diversos grupos de artistas de várias cidades, estados e até de outros países, que se reúnem para compartilharem e trocarem suas experiências culturais. Um dos articuladores é Junio Santos, que participa do Escambo desde a sua fundação. Quando indagado sobre a sua profissão, Junio a define como brincante popular. Nesta entrevista, ele fala da magnitude deste movimento livre e democrático. Ou talvez anárquico seja uma definição melhor?
Fonte: Jornal O Mossoroense
segunda-feira, 2 de maio de 2011
XXX ESCAMBO - 20 ANOS - JANDUÍS-RN - 2011
Aqui em Janduís estamos ainda articulando materiais que tivemos que deslocar de nossas sedes, casas, secretarias e arrumando tudo mesmo. No domingo, muitos grupos sairam e deixarm as salas todas pra nós aqui de Janduís, outros cumpriram e entenderam a relação de ser coletivos.
Ficou aqui uma relação e um indicativo de diálogo entre os grupos. Entendemos que algo vai acontecer. Refletimos muito sobre algumas posições apoliticas, anarquistas que respeitamos mesmo não tendo nossas posiçoes respeitas até por desconhecidos nesse movimento. Mas, é isso que vai fazer valer nossas posições, ideais e busca pelo complemento de tantos pensamentos diferentes.
No final, por volta de umas 16h, domingo, 01 de maio, mesmo com muitos artistas Flamenguistas, as cozinheiras fizemos uma pre avaliação do Escambo de Janduís. Deveremos emitir um opinião coletiva em rede e eu já estou escrevendo a minha avaliação e sugestões.
Até breve!
BERG
Meu abraço!
Caro junio,
Bote silenciosa nisso!!!
Mais um ESCAMBO! Mais um encontro de arteiros desse mundinho lindo nossoo...
Um encontro comemorativo, um encontro festivo! Pra mim, um encontro reflexivo, observador! De perguntas! Questionamentos! Indagaçoes!
De todos os encontros em Escambo, esse foi um dos em que mais pude sentir intimamente o que essa força escambista ê capaz de fazer com uma pessoa!
Foi fantastico ouvir todas aquelas pessoas! Sentir cada historia invadir nossa alma, e ate mesmo sentir o silencio que por muitas vezes invadia nosso meio e que foi capaz de me trazer muitas lagrimas que me trazia muitas respostas que eu procurava em palavras!
Cada gesto, cada olhar, cada respirar, cada passo, cada gota daquela chuva, foi capaz de trazer uma grande reflexâo para o que vivo, para o que faço, para o que penso sobre Escambo, para o meu fazer Escambo, para isso, para aquilo!
Acredito Junior, que esse silencio seja o reflexo, o respalde de muitas reflexoes! De muitas perguntas e questionamentos! Isso talvez é bom! Talvez alguem fique cutucando até encontrar respostas e soluções!
É isso galera!
De volta as nossas atividades rotineiras, né!
Mais viva! Mais forte!
Abraço!
ADRIANE MAIA / TRIBO DA ARTE
Sou participante do movimento escambo apenas 03 anos, me lembro com muita alegria do turbilhão de Umarizal em 2008, cerca de 800 artistas de rua, eu quanto grupo Utopia levando a vivencia de construção de brinquedos com material reciclável e uma cena poesia declamando o poema "Sonho Impossível", juntamente com Magno, Jocler e Dan Dan... Incrível como de lá pra cá o movimento escambo é presente em minha vida e passei apenas pelos escambos de Janduís, São Miguel do Gostoso, Fortaleza, Lucrécia, Umarizal, Guaramiranga, esses foram os encontros que eu estava presente, mas o escambo, desde 2008 passou ser meu dia a dia, as vezes muito intenso e as vezes muito leve, senti bastante por não estar presente neste ultimo, parecia que eu tinha faltado a minha 30 vivencia de encontro de escambo. Porém fiquei por aqui, fazendo escambo, tive o grande prazer de receber o pessoal de Arneiroz na minha casa , conversamos bastante sobre escambo, casa de escambistas, biritamos, escutamos música e a galera foi de boa pro encontro em Janduís, faltou tiquinho de nada pra eu pegar a Kbrita no sábado a tarde e desabar pra lá... Mas mainha falou que era melhor ficar, já que não tinha dado certo antes, era pq não era pra ir, escutei a mestre lá de casa e fiquei por aqui. Curtindo meu velho, amigos da escola Ayrton Senna e organizando algumas coisas pra semana. Fiquei vibrando positividades para os companheiros, fiquei feliz por conta do pessoal do Mucuim esta novamente no escambo. E fiquei na rede tentando saber de algo, até que chegou o e-mail do Júnio, feliz da vida por mais um escambo e por mais um título carioca...
Espero que aqui por Fortaleza, a gente continue esse movimento que ainda é muito acanhado... O movimento de estar juntos e fortalecendo a atividade dos grupos escambistas, de agregar mais pessoas e grupos. Próximo escambo é em Arneiroz? Ou é em Recife? Pra Recife já se tem algumas articulações com nossa parceira mãe Diaconia. Pra Arneiroz já tem o quintal do Igor e do Fábio... E aqui fortaleza? David Cangaia me falava de uma atividade pela Messejana, será se não chegou a hora Cangaia? Será que não rolaria uma atividade pelas Santos Dias, promovida pelo Movimento Escambo. Acredito interessante voltar na Messejana pra ver como estão as sementes plantadas no escambo do Planalto do Pici - Fortaleza.
Parabéns aos grupos do escambo que realizam esse escambo de Janduís, parabéns a turma do RN que apareceu nesta rede no segundo tempo pra colaborar na realização desse escambo, parabéns para os grupos do Brasil, que contribuíram também nas discussões, Garota Janduís, Banner...
Fico por aqui, sentindo uma lacuna por não ter ido, mas com muito pensamento positivo e garra pra continuar. Acredito que retorno...
Abraço em Tod@s!!!
-Mac Thiago
“MANIFESTO DE JANDUÍS - 1991
“Não vamos agredir
agredir não é fácil, mas transfere responsabilidades.
viemos aqui cumprir a nossa missão
a de artistas
não a de juízes de nosso tempo
a de investigadores
e de descobridores
ligar a natureza humana à natureza histórica
não estamos atrás de novidades
estamos atrás de descobertas
não somos profissionais do espanto
para achar a água é preciso descer terra adentro
encharcar-se no lago
mas há os que preferem olhar os céus
esperar pelas chuvas”
AO POVO DO RIO GRANDE DO NORTE
Nós artistas de rua, que temos o céu como limite, a
rua como palco e o povo como parceiro, reunidos de 02 a 05 de maio de
1991 em Janduís(RN), com a colaboração de sua administração popular,
que sofre o eterno mal da seca e vive o regime de calamidade pública,
decretada no município, não podemos afastar a nossa arte do sofrimento
da população que sofre o paradoxal autoritarismo de um regime
democrático, castigado pelo abandono e isolamento político.
O nosso teatro reflete a realidade, resiste às
intempéries da história e luta pela vida acreditando plenamente na
construção de uma sociedade igualitária e justa.
Sendo assim nada imploramos para o teatro e sim
exigimos: o cumprimento da Constituição Federal no que concerne aos
direitos fundamentais do cidadão, quer seja, MORADIA, ALIMENTAÇÃO,
EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA, LAZER E ENTRETENIMENTO. Não
reivindicamos o abstrato, mas o real. Acentuamos que essas conquistas
ao serem efetivadas garantirão a nossa emancipação social, política e
cultural, e seremos definitivamente cidadãos plenos e livres.
I ESCAMBO TEATRAL DE RUA
Janduís, 05 de maio de 1991.
CIA TEATRAL ALEGRIA ALEGRIA – NATAL-RN
GRUPO BOCA DE RUA – CURRAIS NOVOS-RN
GRUPO FOLIA – CARNAÚBA DOS DANTAS-RN
GRUPO ESCARCÉU – MOSSORÓ-RN
GRUPO EMANDUÍS – JANDUÍS-RN
GRUPO NHANDUÍ – JANDUÍS-RN
GRUPO TERRA – MOSSORÓ-RN
GRUPO CANAL CULTURAL – AUGUSTO SEVERO-RN
GRUPO TEATRAL DE ICAPUÍ- CE
1
humanizadora e libertadaora implícita na história e existência do
Escambo, mas há práticas mesquinhas, desfocadas, consumistas,
anti-éticas entranhadas no pensar e fazer de muitos de nós que
muitas vezes passam despercebidas ou como coisa normal.
É como se, na prática, a gente visse como fato consumado as
regras impostas pelo “capitalismo mundial integrado”, como diz
Jacques Derrida. Não podemos maquiar essas coisas nem antes
nem durante nem depois das festas temporárias dos encontros do
Movimento. Senão, espetáculos e mais espetáculos,
intercâmbios, reflexões e encaminhamentos, mas na volta para
casa tudo passa a ser o de sempre. Temos consciência do efeito
Escambo na vida de muita gente e embora pareça muito o que
conquistamos, ainda é escasso para a sonhação de duas décadas
e do que há de produção simbólica não sistematizada, podendo
servir definitivamente à construção afirmativa do nosso ideário
Escambo Popular Livre de Rua.
mundo e práticas vitais, tendo as linguagens da arte e a cultura
popular como fonte e ferramenta principal de reinvenção da vida e
da sociedade.” Mas na prática o Escambo tem sua origem na luta
política, a princípio, de forçar o Estado a investir mais e
corretamente em arte e cultura, em políticas duradoras e
democratizantes. De fazê-lo corrigir distorções e desigualdades
entre o crescimento econômico de poucos sobre o flagelo de
muitos. De debater com a sociedade o nosso direito ao bem-estar
que envolve o acesso aos bens materiais e imateriais, da arte à
economia, da água e o alimento à moradia; da saúde à educação,
da propriedade ao cuidado ambiental; da criação à expressão e
circulação do saber. Portanto, nosso escambo está imbricado
nessa liberdade de expressão que é para valer para todos, na
diversidade e soma de conhecimentos essenciais à garantia da
dignidade humana e á preservação e cuidado com a vida e sua
existência em todos os universos.
parecido. Talvez o modo de participar dos grupos e escambistas
em geral mudou. Parece que hoje somos mais soltos, mais livres e
por isso achamos que evoluímos, democratizamos os processos de
participação, mas é uma visão enganosa. No início as coisas,
embora parecessem mais rígidas, por conta do compromisso
exigido no interior dos grupos e destes em relação aos
escambistas nos encontros. Os debates eram mais calorosos e
politicamente mais interessantes e geravam mais interesse. Dava
a impressão de haver um desejo, uma necessidade real e urgente
de transformação concreta de cada lugar onde residia um grupo
do movimento.
Movimento dando Movimento ao Movimento.
Esse ESCAMBO provou que não precisamos de quantidade é sim Qualidade.
Seres que vão em busca de uma Sociedade diferente e que faça a diferença.
Diferença essa que não fere as indiferenças.
Sentimento que trago e levo pra onde quer que EU va.
No ESCAMBO vou embusca do diferente pq o comum bate todo dia minha porta.
Buscar Sentimentos, olhores e Dialogar com o novo.
Buscar Comida diferente.
Buscar Músicas diferente.
Buscar Teatro diferente.
Viver um, dois três dias com uma intensidade, pq sei que o comum vai voltar a bater na minha porta.
O comum é tão comum que não me provoca, EU é que tento por pra fora esse comum.
E no Escambo busco isso com intensidade.
Seres que buscam isso.
E assim vamos, sabendo que temos muito ainda por buscar mais temos certeza ou quase que estamos no caminho certo.
Ricardo Mais que Show - Diferente até no Nome.
"Fracasso Produções e Olho Gordo Evento - Sua Ação em boas Mãos"
Ricardo É Show
A
Sou desse movimento porque ele me faz sentir-se maior e mais forte, porque condiz com minha forma de pensar e de agir sobre o mundo, quero apenas que ele se torne cada vez mais popular, onde cada vez mais possamos estar em contato com o povo e claro dentro de nós mesmos.
Assim como eu faço teatro pra levar algo de bom para o mundo, também participo de Escambo porque ele deixa algo de positivo em cada lugar que passa. Se Alguem disse que o povo de Janduis não achou o escambo positivo, talvez seja porque não vê compromisso e nem seriedade de escambistas da propria cidade com o seu povo.
Temos que compreender que não somos unidos pelos espetáculos, nem pelos lugares que passamos, pensamos diferentes sim é verdade, mas temos em comum um enorme amor pelas pessoas, pelo mundo e pela liberdade e enquanto estivermos amando a tudo isso e claro nos amando também eu estarei presente e tenho certeza que muitos também.
Queremos no movimento pessoas comprometidas não somente com o nosso fazer artístico mas principalmente com nosso fazer social.
Serginho Cia Arte e Riso de Umarizal.
cultural ético-político-estético de transformação que precisa
avançar. Caminhar sob a ótica de uma filosofia alicerçada em
uma práxis que nos leve a práticas novas sem perder de vista a
história até aqui vivida. O Movimento carece de mais
sistematizações do já vivido. Como vimos, por trás de cada
encontro existe toda uma história, uma série de desafios que
precisam ser compreendidos, reflexionados porque refletem
realidades grupais e individuais que devem ser superadas. Os
nossos artistas são filhos do povo e carregam duas tarefas
árduas: exercer sua função de artista e dar conta da superação da
pobreza familiar e pessoal em que vivem. Daí também a estética
escambista não poder se afastar de uma ética e de uma
consciência política transformadora muito forte. A história de
cada encontra é também a história das limitações e potências,
das práticas culturais, cidadãs e não cidadãs de cada lugar, dos
grupos sujeitos que os provocam e protagonizam. Sistematizar
esses processos significa refletir sobre a experiência do Escambo,
que é traduzida pela trajetória experiencial dos grupos; clarear os
caminhos por onde seguir trilhando ou não.
Como novidade tivemos a participação - pela primeira vez - da palhaça Keke Kerubina Rosa Vermelha do Jardim da Vida e Iuri (será q é esse nome mesmo que escutei?) companheiro e parceiro na cena. Keke participou com apresentação do espetáculo e contribuiu com o embate e o debate nas rodas de conversa. Esperamos contar sempre com sua presença entre em todos nós.
O Escambo - molhado pelas constantes chuvas - foi cheio de muitas emoções. Atores e atrizes falaram (sem tempo e sem inscrição) sobre suas vivências no movimento chegando em algum momentos a se transformar em pequenos espetáculos, com o uso de roupas, adereços e muita dramaticidade.
Na última roda de conversa, como já é de praxe - foi o momento de levantar assuntos polêmicos que circularam pela rede antes do escambo, como o fatidico cartaz equivocado e a vinheta de divulgação da festa de escolha da garota e garoto janduiense que dava pra entender que era realizada pelo Movimento Escambo. Fica como encaminhamento que todo e qualquer material de divulgação com o nome do escambo necessita q a arte final seja enviada e discutida na REDE.
Outro assunto foi a falação do prefeito, na praça, antes da apresentação do grupo Arteiros de Olinda-PE, que no final enfatizou que o escambo só aconteceu devido o engajamento de alguns de seus secretários, citando inclusive aquele que mais tentou boicotar o movimento, não liberando uma das escolas. Um fim de discurso bastante infeliz que contrariou os escambistas que sairam de suas cidades por conta própria, fretando kombis, tomando banho de chuva em cima de caminhões, de moto, pagando passagens de onibus, fazendo rifas de ferro de engomar pra bancar a volta pra casa e vaquinhas entre os companheiros pra bancar despesas de volta. Esses sim, com suas tralhas cênicas expostas em trilhas é que garantiram e sempre irão garantir a realização de uma Escambo.
Aos artistas e a população de Janduís fica nossos agradecimentos pela realização de mais um ESCAMBO nessa estimada cidade
Júnio Santos
Brasil, popular ou burguês, artístico ou não, que tenha
sobrevivido tanto tempo nas condições em que se faz sem apoio o
apoio do poder público e em determinados lugares de boa parte
da sociedade. Ou seja, aprendemos bem a manter a chama acesa,
mas sem recursos para ampliar, dar qualidade e aprofundar seu
campo de visão
Em julho de 2010 começamos a discutir o Escambo dos 20 anos em Janduís, quando acontecia o XXVI Escambo em Fortaleza/CE. Daí em diante conversamos no XXVI Escambo de Lucrécia/RN, em setembro de 2010, no XXVIII Escambo de Umarizal/RN, em novembro de 2010 e no XXIX em Guaramiranga/CE, em janeiro de 2011.
Além de todos esses encontros discutindo o Escambo dos 20 anos, conversamos na rede do Movimento via internet, assim como tivemos reuniões em Janduís, no mês de fevereiro e demais momentos. Tivemos muito tempo pensando nessa comemoração, que pareceu ser pouco.
Muitos grupos acompanharam de perto a discussão, outros ouviram falar e alguns vieram apenas para celebração. No meu ponto de vista, foi um encontro de reencontros com nós mesmos, provocativo a ponto de fazer a gente pensar em algo bem maior e arrojado.
Foi um encontro que apaziguou os ânimos dos grupos locais, fez a comunidade sair de casa e acima de tudo projetou um pensamento de futuro para uma nova dimensão cultural para Janduís e região. Sem contar no abraço caloroso que cada um deu na chegada e na saída; nos esforços somados por cada grupo em busca de deslocamento.
São por esses motivos que o Movimento Escambo precisa estar sempre crescendo e a todo momento entrando gente nova, artistas de várias idades de todos os lugares. Juntamos pensamentos diferentes de artistas apolíticos, anarquistas, burocráticos, políticos, uma militância muito ativa.
Em Janduís pensamos em entregar o Troféu Berimbau Mestre Dadá, que não deu certo, sem contar que pensamos numa sala de memória que também não funcionou. Tudo bem, se não deu certo é porque teremos outra oportunidade para tais ações.
Muitos artistas a fim de conversas e outros de curtição o que é natural. Uns perguntando pela nossa ideologia e outros que nem viveram o Escambo querendo calar a roda com palavras de ordem sem ordem. Por que não ter nossas definições pra não irmos pra uma roda discutir aquilo que nem sabemos?!
Nosso esforço sempre foi buscar que cada grupo banque sua própria alimentação, seu transporte, seu espetáculo, mas, há 15 anos acompanho essa discussão e ainda esquecemos nossos pratos, deixamos salas pros de casa arrumar e entupimos os banheiros que todos usam.
Milito nesse movimento justamente há 15 anos. Já vi muitos entrarem e saírem espontaneamente quando os ideários não se batem. Com isso, buscamos sempre locais de aconchego, alimentação onde todos possam fazer e se servir, porque ração quem come é gado e ao contrário será gado também.
Não podemos perder a capacidade de discutir nossos pensamentos sem agredir as articulações locais dos grupos, dos artistas, das pessoas, enquanto a gente não amadurecer e realizar aquilo que pensamos. Será que temos a intenção de dividir o espaço onde cada um constrói com dificuldades? Acredito que não!
Nossos jovens que chegam vêm em busca de aprendizagem cada vez mais, algo que sempre o Movimento fez em sua história. Se drogar, se prostituir nem sempre está no dicionário de muitos que ainda nascem nessa história, ao contrário dos que já viveram repressão e opressão.
E se nós não tivermos horários de café, almoço e janta nos encontros? Não confirmar quem vai, quantos vão, quantos precisamos pra se alimentar? Pra onde estamos indo de verdade? Amadurecer não significa apodrecer.
Sinto o Movimento Escambo como minha casa pela referencia que bebi durante os anos. Será que só Janduís que tivemos tantas discussões questionadoras sobre os apoios nos cartazes, coisas discutidas entre nós?! É importante estar nas discussões pra não chegar aos encontros alienados.
Respeito todas as maneiras de pensar. Agora preciso que me compreendam também. Cada caso é um caso. É a diferença de muitos que nos une e nos mantém vivos há 20 anos. Se alguém é contra falas de políticos ou outros que sejamos claros e coloquemos á mesa. Essa discussão é simples. Ou será que não somos tão “livres de rua”.
Volto a defender a realização os Escambitos, já que a rede não balança pra todos e para que assim possamos somar as idéias e construir cada vez mais. Não somos selvagens pra mandar meu par calar a boca onde a luta, a perseverança e os rumos são os mesmos. Que cada proposta seja de questionamentos e não de silêncio. Nosso barulho é bem mais festivo do que qualquer ditadura.
Nosso encontro dos 20 anos contou com 18 espetáculos, 39 grupos e 193 pessoas, quando tínhamos confirmados 344 participantes. Aanaliso que o número de 200 artistas seja sempre um número flexível de ser trabalhado por questões de acomodações, vivencia de alimentação e menos dispersões. Isso o Movimento é quem define.
Busco me avaliar sempre e avaliar as ações gerais dentro de um contexto menos conflituoso e harmonioso. Foi assim que cresci dentro do Movimento Escambo e aprendi a conviver com o meu oposto em determinados segundos da vida. Viva a arte e suas possibilidades.
Lindemberg Bezerra
Coordenador da Cia. Ciranduís e membro do Movimento Escambo.
www.culturadeferro.blogspot.com
A Chuva Fina caia na cidade de Janduís-RN, quando chegamos no Escambo. Cansados depois de 12 horas entre retornos, retornos e mais retornos...rsrsrrs. Sem contar a saga do Grande Buraco do Recife que quase engoli uma das kombis na saída do Parque 13 de maio. Ao chegar muitos do MTP-PE( Movimento de Teatro Popular de Pernambuco) já foram procurando onde iriam ficar, já que conheciam a dinâmica do escambo, eu me abriguei debaixo do brasileirinho e comecei a contemplar a movimentação, senti que era o momento de ser a observadora, veio então, o Leo do grupo Arteiros de Olinda que foi escambiando algumas coordenadas...
Em seguida já encontro com Junior e Filippo, abraço forte de boas vindas. Pronto! Iniciava-se o escambo na caminhada da Trupe Circuluz e também da Cia Tapete Criações Cênicas (já que agora é uma trupe aqui e outra acolá).
Quando adentro a escola, lugar onde ficaríamos convivendo por esse dias e encontro Lampiões e Marias Bonitas preparando-se para um bailado cangaceiro em meio a muitos outros escambistas que passavam, uns para banhar outros para ver e eu ali também passando de mochila na costa e arte no corpo, tive a constatação, simples, profunda e emocionante da força e capacidade de articulação desse movimento, sensação que me acompanhará ate sempre, precisa-se de pouco e muito para a AÇÂO.
Musica, Poesias, Conversas, Comer, Parar, Não fazer nada, Fazer tudo ao mesmo tempo, Calar, Ouvir, Falar... Trocar. Dessas praticas constrói-se este movimento libertário e popular.
Assistir muitos espetáculos e também apresentei o Circuluz Brincante, onde conversei de pe de ouvido através de Keke Kerubina com muitas pessoas foi uma roda grande, muito aprendizado. Nela dexei algumas coisas e trouxe tantas outras.
A Kombi palhaça mamadeira, agora com sílios, fez sucesso ela se achou puderosa desfilando nesse sertão.
Lembro que em uma das rodas de conversas acho que a ultima, Rai Lima falou que ate hoje na há como dizer o que é o Movimento Escambo, pois afinal são tantas coisas. E concordo não há necessidade do “o que é?” Para que ser um, se pode ser vários, afinal a incompreensão provoca, deixa as caixinhas rotuladoras para que precisava “Dominar” ou Nominar.
Mas afinal, não teve nada de ruim é tudo bom, beleza? Como é isso?Mas para que vou falar desses assuntos, se o melhor, foi o melhor que ficou em mim e no Iure Olinda palhaço parafina, e acho que também em todos... As outras coisas, falamos lá, na roda, e nela os pensamentos circularam e ainda iram ser degustados, aos poucos, remexendo em muitas coisas dentro de cada um.
Em fim, minha Pressão foi a 200 por 13 nesse dias (utilizando a fala do palhaço das ruas de Janduís)
OBRIGADA POVO ESCAMBISTA DE JANDUÍS,
OBRIGADA MOVIMENTO ESCAMBO POPULAR LIVRE DE RUA,
OBRIGADO MTP-PE
ATE O PROXIMO!
RAQUEL FRANCO, PALHAÇA KEKE KERUBINA
NATAL 02/05/2011Crianças do meu Brasil Varonil, Boa Noite!!!!!
FILIPPO RODRIGO
Ouvi a batida de um tambor
E vi uma cara pintada na esquina.
O palhaço brincando com a criança
Aquela moça que sorri e dança para o povo.
Nós somos verdadeiramente o povo
Levamos arte aos lugares mais distantes.
Promovemos a cidadania em todos os becos e periferias.
Andamos com as nossas bolsas cheias
De esperança, amor, amizade respeito,
Solidariedade, arte e atitude.
Ocupamos as praças, as avenidas e as escolas
Carregamos conosco
Um sorriso no rosto de quem faz sorrir o outro
E a emoção de quem emociona o outro.
Respiramos o mesmo ar
Sonhamos os mesmos sonhos
Lutamos as mesmas lutas
E ocupamos todos os lugares.
Porque somos grandes em mente, corpo e em voz
Somos gigantes nas ruas e nas praças.
Transformamos lixo em arte
E arte em vida.
De um muro esquecido fazemos uma obra de arte.
O som do berimbau é a nossa expressão de luta.
Deixamos os nossos poemas no pensamento de todos.
Fotografamos o inexplicável
E filmamos o que muitos acham bobagem
Nos expomos ao ridículo, e viajamos ao infinito.
Tentamos pegar o sol com mão
Para não vivermos na escuridão
E fazemos da rua a nossa morada.
Mudamos a vida das pessoas nos lugares que passamos.
Já até passamos fome e por fim temos um nome.
Movimento Popular Escambo Livre de Rua.
Sergio Rubens (poeta do Movimento Popular Escambo Livre de Rua)
PATRICIA CAETANO
estava relacionado a outras mudanças da macropolítica em nível
regional, nacional ou global e vice-versa. Quando o bicho pegava
em algum lugar, a gente ia lá, fazia um Escambito, intervinha,
discutia com prefeitos, vereadores, com padres, pastores,
lideranças locais e diretamente com a população em nossas rodas
na rua ou em espaços comunitários, de acordo com cada cidade.
Era difícil haver um espetáculo sem uma posterior conversa sobre
a vida, o mundo, a arte, o dia a dia de cada canto por onde
passássemos. Uma intenção pedagógica estava muito presente em
nossa ação artística. Não só no que os espetáculos eram capazes
de expressar, dizer ou provocar no público. A gente queria saber
também da vida das pessoas, como elas viviam e enxergavam o
mundo, sonhavam viver. Realizávamos mapeamentos culturais
rápidos e nos situarmos sobre a realidade de cada comunidade.
Isso dava enorme embasamento para uma relação mais dialógica
no momento das apresentações e das rodas dialogadas com a
população. As pessoas passavam também a saber mais de nós.
De onde vínhamos, o que fazíamos e prendíamos ali. Ou seja,
nossa função ficava explicitada e a relação mais aberta e igual.
Isso é mais do que apresentar um espetáculo e achar que ele se
basta a si mesmo ou é autosuficiente. Um escambista carrega a
responsabilidade de exercer sua função de artista da melhor
forma e com a maior dignidade possível. Para tanto, cabe-lhe o
papel conhecer e se deixar conhecer, de instigar a reflexão do
outro sobre o estar no mundo para além do prazer estético,
praticando sua arte ou como um simples cidadão que conversa na
calçada entre um gole de café e uma dentada num pedaço de
tapioca. Ou seja, não precisamos deixar de ser artistas quando
estamos sendo cidadãos, nem de ser gente quando estamos sendo
artistas.
Ontem a noite estava de cama, após o sábado que peguei uma infecção
intestinal depois que comi o lanche da escola em que trabalho, não sei
se o culpado foi o suco de manga ou meu corpo que não estava bem,
então por conta de meu estado parei um pouco minha rotina e tive o
privilégio de assisti no domingo a noite imagens reais do Maio de
1968, estava desde a volta do Escambo de Janduís refletindo sobre as
coisas, sobre o que falei nas rodas, sobre o que escutei, vi e senti
nesse Escambo dos 30 anos, sou uma pessoa empolgada e movida pela
emoção desde sempre, nunca entro em nada pela metade e não gosto de
fingir que faço algo, então desse modo vou até as ultimas
conseqüências no que faço e vez ou outra junto os cacos que restaram
da batalha. Reli o escambiose especial que o Jadiel propôs ao Ray e
destaquei pontos que penso ser essenciais para refletirmos para nossa
caminhada enquanto movimento daqui em diante, por Júnio Santos e Ray
Lima estarem desde o inicio do movimento os dois tem repertório que
nós ajudam em algum momento a pensarmos sobre nossas ações, quero
dividir com todos algumas passagens desse escambiose especial para
servir de mote para nossas próximas ações e uma das mães concretas e
sinalizadas é o escambo de Recife, para reflexão trago a passagem de
Ray que diz "Há uma grandeza
humanizadora e libertadaora implícita na história e existência do
Escambo, mas há práticas mesquinhas, desfocadas, consumistas,
anti-éticas entranhadas no pensar e fazer de muitos de nós que muitas
vezes passam despercebidas ou como coisa normal. É como se, na
prática, a gente visse como fato consumado as
regras impostas pelo “capitalismo mundial integrado”, como diz Jacques
Derrida. Não podemos maquiar essas coisas nem antes
nem durante nem depois das festas temporárias dos encontros do
Movimento. Senão, espetáculos e mais espetáculos,
intercâmbios, reflexões e encaminhamentos, mas na volta para casa tudo
passa a ser o de sempre. Temos consciência do efeito Escambo na vida
de muita gente e embora pareça muito o que conquistamos, ainda é
escasso para a sonhação de duas décadas e do que há de produção
simbólica não sistematizada, podendo servir definitivamente à
construção afirmativa do nosso ideário Escambo Popular Livre de Rua".
( Escabiose especial - 20 ANOS - Ano XX n° 01) Essa passagem reflete
muito o que penso mas que até agora tinha dificuldades de expressar em
palavras, por que sempre me incomodou o fato de voltarmos para casa e
termos os mesmos velhos problemas, meio como se o que dizíamos, que a
participação no escambo nos renovava fosse somente falácia, e ficava
me perguntando como temos pretensão de mudarmos o mundo através do que
fazemos se não conseguimos nem mudar nossas atitudes, nosso quintal,
nossa família? quando falo isso aplico diretamente a mim e
consequentemente aos diversos escambistas que fazem parte do Escambo.
enquanto continuarmos separando o Movimento Escambo da nossa vida
diária e cotidiana só caminharemos e retrocederemos, onde vou falo do
movimento e me orgulho de fazer parte dele mas não vejo isso em todos,
sei que muitos escambistas levam a bandeira do movimento aonde quer
que vão, mas por outro lado diversos companheiros nossos se esquivam
em determinandos lugares e não assumem serem escambistas, na semana
passada estive em evento da universidade, um seminário de arte e
cultura promovido pelo NAC -UFRN onde falei ser do movimento e escambo
e dizer que vários grupos faziam parte desse movimento e produziam sua
arte para além de Natal pois um dos professores da mesa Robson
Randcraft sei lá o que, disse que em Natal só tinha 2 ou três grupos
de teatro e dois ou três grupos de dança e que não se tinha produção,
depois dessa fala pedi a palavra registrei que isso não era verdade,
citei o Movimento Escambo e pessoas que inclusive já participaram do
Movimento me olhavam como se estivesse maculando o recinto sagrado da
acadêmia com minha fala, ás vezes me sinto no grande freak show que os
Estados Unidos está armando com essa suposta morte de Osama, as
pessoas sabem que as coisas são falsas mas ninguém se atreve a falar e
deixam as pessoas irem para casa pensando que o fulano de tal que tem
a palavra falou só verdades inabaláveis, e aí eu percebo quanto o
conhecimento pode ser perverso quando usado para manipulação alheia, e
quanto como movimento Escambo precisamos discutir questões urgentes e
básicas que são ignoradas quando nos encontramos, o Ray em outra
passagem do escambiose nos diz "No entanto, não desenvolvemos uma
cultura escambista capaz de atingir a prática cotidiana dos grupos de
forma consistente. O sonho do Escambo como prática ética, estética e
política me
parece que ainda passa por longe da cabeça e da atitude diária de
muita gente. O problema da renovação constante dos participantes a
cada encontro torna difícil a continuidade de muitos processos
importantes para a formação dos escambistas e algumas aprendizagens
essenciais para afirmação do ideário do Movimento Escambo Popular
Livre de Rua. Reunir grupos ou uma massa considerável de artistas em
determinadas épocas e lugares não nos basta. É preciso fazer disso um
acontecimento político e cultural de transformação que mexa ao mesmo
tempo conosco, com nossa prática, e com a cabeça e a atitude de quem
nos vê trabalhando, agindo. Não podemos sair impunes nem quem ousa
provar da nossa experiência". é isso vou parando por aqui pois como
Filippo diz e-mail grande ninguém lê. abraços e vamos escambando pela
rede.
olá galera escambista
Ao ler o email da Patricía acabei pensando numa coisa, o que me leva a fazer parte do Escambo?
Por que eu sou do escambo?
Estive pensando nesses últimos dias, o que me leva a fazer parte desse movimento, o que me leva a me sentir tão bem quando estou rodeado de escambistas, quando estou conversando, quando estou nas rodas e fora delas, o que me leva a fazer parte do escambo? E você, o que te leva a fazer parte do escambo?
Sou do escambo porque nele eu me sinto forte, livre, nele eu posso me expressar, posso ver o que o povo pensa sobre mim e sobre o mundo. Posso aprender coisas que jamais aprenderia em outro lugar. Eu vejo o escambo como uma filosofia de vida, como uma experiência única O Escambo é tão interessante que se conversa, se discute e não se chega a uma definição.
Faço parte do escambo porque nele eu não preciso ser um universitário, onde eu preciso defender teses e teorias, não preciso ser alguém que trabalhe e que não possa se expressar da forma que pensa senão vai pro olho da rua, no Escambo eu não preciso ser o filho obediente, o amigo fiel, o cara comportado, o homem que aparente ser bom, não preciso ser capitalista nem socialista, não preciso acertar sempre, nem preciso me preocupar com a imagem que os outros tem de mim, na verdade eu sou do Escambo por que nele eu não preciso seguir as normas que a sociedade impõe e nem fingir ser alguém que eu não sou, sou do Escambo porque nele eu não preciso ser mais nem menos, eu posso ser simplesmente eu, Serginho.
E vc? Porque vc é do Escambo?
Serginho, Cia Arte e Riso.
XXVIII ESCAMBO POPULAR LIVRE DE RUA - UMARIZAL-2010
Quem sou eu
- VISÃO - VISAGEM - ILUSÃO- MIRAGEM
- Mostrar o contraste entre o belo da natureza, de uma arquitetura atrativa e artística e o feio produzido pelo descaso dos humanos.